O cinismo de quem bateu panela para as supostas pedaladas e agora se cala para o caixa 2 e o apartamento de Gedel.

 O impedimento da presidente Dilma foi “justificado” pelos seus algozes através do suposto crime das pedaladas fiscais. Vale lembrar que tão logo Temer concretizou o golpe parlamentar os mesmos algozes de Dilma mudaram a lei para que as pedaladas que a derrubaram deixassem de ser crime. Ou seja, depois dela podia se pedalar à vontade.
Dilma perdeu as ruas que foram ocupadas majoritariamente pela classe média. Os manifestantes pró impeachment diziam-se contra a corrupção, afirmavam não ter bandido de estimação e brandiam outros jargões de impacto.
Passado a turbulência e Dilma deposta me pergunto por onde andam os baluartes da decência e os inimigos da corrupção. Sim, porque Jucá tramava uma operação para estancar a Lava Jato e está prestes a se tornar líder de governo. Os deputados trabalham para anistiar todos os que cometeram crime de caixa 2 e o presidente Temer pressionou o ex-ministro da cultura para que atuasse em favor do interesse particular de um aliado. (Se isso não for crime de responsabilidade direta não sei o que será).
Não falo nem dos cortes em programas sociais porque sei que a maioria dos que bateram panelas sempre foram contra Pro Uni, Fies, Bolsa Família, Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida e toda e qualquer política de empoderamento e distribuição de renda.
O silêncio dos patedores de panela denunciam o seu cinismo. Não era contra a corrupção que marchavam e se posicionavam, não eram contra a crise (o desemprego aumentou com Temer) nem pelo Estado mínimo, era por ideologia pura e alienada.

Agora tudo parece ter voltado ao normal para a turma do “primeiro a gente tira a Dilma”.
Os desmandos podem continuar junto com as negociatas.
O que não pode é ter alguém de esquerda no poder. O que não pode, para eles, é o povo ocupar espaços nas faculdades, nos shoppings e nos aeroportos. 
A História há de narrar o cinismo de uma suposta elite.
Nós não esqueceremos disso.