Ia começar esse post com um lugar comum: “os dados mostram
que”, mas não dá. Não são apenas dados, são vidas humanas que se perdem ou são
permanentemente marcadas pela ação de criminosos. E duas realidades grotescas
que revelam, além da incapacidade do atual governo da área da segurança
pública, o quanto nossa sociedade adoeceu nos últimos anos.
Como revelou reportagem da Folha de São Paulo, apenas nesses
primeiros meses de 2017, os casos de homicídio no estado de Pernambuco
aumentaram em 47%, ou seja, de janeiro até agora o estado registrou nada mais
nada menos que 974 homicídios, 17 por dia.
A polícia foi avisada de que não deve divulgar notas
negativas para a imprensa. Como que não assumir a barbaria que tomou conta do
estado fizesse os bandidos roubarem e matarem menos. Se não tocar no assunto
desse melhores condições a nossas polícias, desde salários a materiais de
trabalho, viaturas, armamento e treinamento para que maus policiais não
colocassem os bons no mesmo balaio diante da opinião pública, minha boca seria
um túmulo.
O governo Paulo Câmara fracassou na segurança pública, está à deriva, indo rápido para o encontro com o iceberg e quem sofrerá mais somos nós, os passageiros da terceira classe. Lembra o que aconteceu com a terceira classe no filme Titanic?
Nossas polícias sofrem com esse desgoverno e o despreparo de
alguns policiais causa revolta.
Edvaldo Marques, de 19 anos, faleceu após ser atingido pelo
disparo de um policial. Edvaldo não estava fugindo da polícia e não havia
cometido nenhum crime quando foi covardemente alvejado. Edvaldo protestava por
mais segurança na cidade de Itambé, Mata Norte de Pernambuco.
O cidadão pernambucano sabe que corre perigo constante. Nas
cidades do interior as madrugadas são marcadas ou por explosões a caixas de
banco ou por assaltos (alguns seguidos de morte). O Pacto pela vida, vitrine de
Eduardo Campos, entrou em coma no governo Paulo Câmara e não há sinais de que
irá despertar.
ESTUPROS.
Em apenas três meses, 497 casos de estupro foram registrados
no estado. Os dados são da Secretaria de Defesa Social – SDS – e correspondem a
casos de ambos os sexos. Em 2016 foram 2.196 casos registrados. Esses números
dizem respeito aos casos que são investigados, então, não podemos desprezar a
imensa quantidade de abusos que não são relatados porque as vítimas sentem
vergonha, não têm acesso aos órgãos competentes ou que preferem viver com a dor
que denunciar o agressor, que num grande número deles, é alguém da própria
família.
O estupro é um crime bárbaro que denuncia aspectos nocivos
de nossa sociedade. Ele não é motivado por supostas necessidades hormonais, é
um ato de violência para dominar, se apropriar do outro, que é tratado como se
fosse uma coisa, um objeto. É um crime que é cometido por quem deseja sentir-se
poderoso, alguém que sente prazer em provocar a sujeição ou humilhação do outro.
Diante de tanta violência, parte da população deseja medidas extremas, como castração química ou pena de morte para estupradores. Essas medidas não são impeditivas, já que o machismo ainda impera e as mulheres ainda são tratadas como objetos desde sua infância.
Ganhou destaque nos noticiários o caso de estupro seguido de assassinato da fisioterapeuta Tássia Mirella Sena, de 28 anos. Ela foi morte por um vizinho, Edvan Luiz da Silva, 32, administrador de uma loja de cosméticos e filho de um casal de comerciantes. O crime ocorreu num bairro de classe média alta. O perigo que ronda as mulheres é constante, já que o machismo não está restrito as áreas periféricas e não está limitado por renda ou instrução.
Em Venturosa, Agreste de estado, a cidade chorou o assassinato brutal da jovem Vitória Souza, de apenas 13 anos. Um crime que até hoje não foi devidamente explicado, mas que chamou a atenção de todos para a falta de segurança. Lembrando que a população cobra ações nesse sentido desde que quadrilhas de roubo de celulares se instalaram na cidade. Lotéricas, Farmácias e lojas comerciais já foram vítimas de assaltos a luz do dia e tudo o que se tem certeza é de que a maioria dos bandidos está livre e permanece impune.
Vivemos uma época difícil, de crise ética, moral, social,
política e econômica. É tempo de dores, mas crises também podem provocar
crescimentos. Depende de como nos comportaremos e do caminho que escolheremos
seguir. A solução está em nós e no nosso poder de decisão. Um passo
significativo poderá ser dado em 2018, renovando nossos agentes políticos e
escolhendo projetos que tenham efeito a curto, médio e longo prazo.
Aventureiros extremistas gritam palavras de ordem e parecem ter solução fácil,
mas não precisamos de outro Hitler no mundo. Precisamos de um novo Brasil, um
novo Pernambuco, um construído por nós, pautado no bem-estar de nossa gente. Dá
trabalho, mas é possível.
Não podemos esperar que algum iluminado venha resolver tudo por nós. Na questão de segurança pública devemos cobrar de todos os agentes públicos que podem e devem fazer alguma coisa para combater a escalada da violência. Nos municípios prefeitos podem e devem buscar auxílio do governo do estado, mas também devem agir de forma inteligente e eficiente. Quanto custa para instalar câmeras de segurança nas principais ruas e avenidas, por exemplo? Dá para modernizar guardas municipais e agir de forma integrada com polícias civil e militar? Pode-se modernizar a legislação municipal para que os infratores passem a ser punidos e não sigam certos de sua impunidade ameaçando a integridade do patrimônio público e das pessoas?
Ou nos conscientizamos de nossa força e que somos parte da solução ou continuaremos onde estamos, à beira do precipício. Não se consegue resultados direferentes agindo sempre da mesma maneira.
Emerson Luiz
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