sábado, 20 de fevereiro de 2016

O ANO DA ELEIÇÃO

O clima político tornou o Brasil um país bipolar nos moldes da Guerra Fria. Parece que agora só existe o “nós” e o “eles”, sem meio-termo. E é nesse clima que os municípios elegerão seus prefeitos. Em alguns lugares o acirramento político já faz parte da cultura local desde a fundação ou emancipação política.

Então, há grandes chances de que mais uma vez eleitores percam outra oportunidade para avaliar propostas de governo, cobrar melhorias nas políticas públicas de saúde, educação, segurança e geração de renda. Mais uma vez será o “nós” contra “eles”, os camisas coloridas contra os camisas de uma só cor, o “nosso partido” contra o “partido dos outros”.

Os discursos serão realmente ouvidos ou palavras serão mais uma vez tiradas de seu contexto para produzir vilões, “inimigos do povo”, “revoltados” a serem combatidos com as armas da calúnia e da difamação, que serão aceitas por um grande número porque é mais fácil agredir um argumentador que desconstruir racionalmente o seu argumento.

Quisera eu que o povo brasileiro já tivesse superado isso. Que a exemplo de outras nações os partidos aqui criados consultassem o povo antes de escrever plataformas, planos ou indicarem seus candidatos. Quisera eu que antes de torcer por determinado candidato, o eleitor o inquirisse sobre como garantirá que o fundo de previdência continue a existir e cumprir com suas obrigações, ou de que forma garantirá a geração de emprego para os jovens, ou, ainda, como irá realmente assegurar educação e saúde de qualidade para a população carente.

Se pudesse desejaria que qualquer candidato de oposição, antes de acusar quem quer que seja de corrupto, ladrão e outras tantas injúrias que mais servem para animar seus eleitores que para corrigir qualquer desvio, aprendessem a gostar de gente tanto quanto gostam do sabor inebriante do poder. O cheiro do poder é afrodisíaco, acreditem. Muitos nunca provam do seu real sabor, mas só de sentir o cheiro enlouquecem e o perseguem por toda a vida! Não importa quanto dinheiro se tenha, porque dinheiro nem sempre significa poder. Dinheiro pode comprar o respeito de alguns, a bajulação dos sem caráter ou amor próprio e muitas vantagens, mas não dá autoridade política nem conquista a admiração sincera das pessoas.

Oposição que não é povo nunca chega a ser governo, e se o for, será de forma temporária e medíocre, porque governará para um pequeno grupo que agirá de forma parasitária ou predatória. Ao final, o mesmo povo que o elegeu o destituirá do poder. É assim que gira a roda política. Quem não entende seu movimento é destroçado por ele.
Em 2016 quase todos os políticos terão críticas prontas ao governo federal. A manutenção do status quo encobrirá centenas de maus governos municipais, funcionários fantasmas, gastos excessivos sem qualquer propósito e monumentos ao ego. Falarão o quanto a educação é importante, mas como os tucanos de São Paulo, serão capazes de desviar até o dinheiro da merenda, tirando o doce da boca das crianças, literalmente.

E o eleitor? Uma parte seguirá suas paixões. Uns são apaixonados pela ideologia, outros pelo dinheiro. Outra parte do eleitorado procurará o candidato “menos ruim”, porque para a maioria dos brasileiros os políticos perderam o crédito. A classe política extrapolou os limites do cinismo, da irresponsabilidade, da mentira, da inércia e da corrupção. Os partidos, ou melhor, as legendas alugadas Brasil afora e adentro, não possuem diferenças claras. Creio que apenas uma coisa divide mais de 90% dos partidos brasileiros: o fato de uma parte estar ocupando o poder e a outra o desejando.

2016 é o ano da eleição. Então encerro esse pequeno artigo com uma reflexão a partir de um ditado popular: Cada povo tem o governo que merece. Nós merecemos muito mais do que recebemos até agora, e falo num contexto amplo e geral. Então, se a qualidade dos políticos reflete a dos eleitores, passou da hora de nós, cidadãos e cidadãs, sermos melhores eleitores para contribuirmos com a construção de um país mais digno.


Emerson Luiz. 

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