Pelé e o presidente Emílio Garrastazu Médici |
O Brasil conseguiu um feito inédito em seu futebol: o ouro
olímpico!
Depois do fiasco apresentado na copa do mundo, o eterno 7x1
sofrido contra a seleção alemã, e de resultados pífios nos últimos jogos, a
seleção canarinha apresentou um futebol digno de sua história. A decisão nos
pênaltis foi, como diz o jargão, “um teste para cardíacos”.
Neymar, o tão criticado e cobrado atacante (algumas vezes de
forma merecida), cobrou o pênalti decisivo e caiu num choro compulsivo de quem
cumpriu sua missão. Claro que a defesa efetuada pelo goleiro Weverton não foi
menos heroica ou menos brilhante. O conjunto funcionou bem. Há quem diga que as
mudanças táticas efetuadas após a visita de Tite, ex-técnico do Corinthians e
agora professor da seleção principal foi decisiva para a mudança no estilo de
jogo que levou a equipe olímpica até a vitória.
“O campeão voltou”, gritava a torcida eufórica. Nas redes
sociais Neymar foi absolvido, a seleção recuperou o amor do povo e uma ideia
perigosa, cínica, voltou a circular.
Essa ideia saiu do túmulo como um zumbi de um filme de
terror, pronta a devorar cérebros e acabar com as vidas dos incautos. Desde a
época de 1970, em plena ditadura militar, não se procurava associar sucesso no
futebol com economia e política.
Foi durante o governo do presidente linha dura Emílio
Garrastazu Médici que o Brasil se sagrou campeão da copa do mundo de 1970.
Médici foi responsável pelo período mais repressor desse país, onde centenas de
pessoas foram torturadas e mortas.
Hoje temos o Temer, vice presidente da chapa de Dilma,
inelegível por oito anos, com riscos de ser caçado pelo TSE, levado ao poder
num processo questionável de impeachment e com uma agenda política que não
venceria nenhuma eleição.
Temos o Temer que quer congelar os investimentos em saúde e
educação pelos próximos vinte anos.
O Temer que quer fixar a idade mínima de aposentadoria para
65 anos.
O Temer que está promovendo um desmonte do SUS para entregar
a saúde os pobres a planos populares sem qualidade.
O Temer que quer privatizar todas as nossas empresas.
O Temer que foi apontado como informante dos EUA, que é
amigo pessoal e defensor do Eduardo Cunha, que reduziu programas sociais e já
anunciou cortes gigantescos nas verbas das universidades federais e cujo
ministro da justiça disse que precisamos de mais armas e menos pesquisas.
E hoje as redes sociais saúdam esse Michel pelo ouro
olímpico da seleção brasileira.
Ainda não sei se por infantilidade, ignorância ou cinismo. A
hipocria as vezes se disfarça bem.
O Michel Temer já copiou o slogan da ditadura no seu governo
interino, está desmontando o país e o isolando internacionalmente. Agora, esse
desmonte está sendo apoiado por quem ama futebol e nada entende de história ou
política.
Os mesmos que mandam os questionadores irem para Cuba. Eles já
tinham adota o “ame-o ou deixe-o” antes do “ninguém segura esse país”.
Estamos indo para o fundo do poço, amigos. Há muito o que
Temer.
Ótimo texto. Trás uma reflexão muito inteligente da situação politica no Brasil.
ResponderExcluirObrigado!
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