A Frase que rendeu ao deputado um processo no STF por por incitação ao crime de estupro e injúria, |
Há muito cantei a bola de que era preciso ir de encontro às ideias defendidas por Jair Bolsonaro.
Percebi o fascínio que ele despertava em muitos jovens que desejavam mudar o país.
Quem não desejaria? Vivemos num país de desigualdades absurdas, onde faltam serviços de qualidade e em meio de uma crise social imensa. O golpe desferido contra a democracia e os cleptocratas que tomaram o poder pioraram ainda mais a percepção dos mais jovens com a política.
Além dos jovens que haviam começado a embarcar na arca do falso mito, via saudosos da ditadura, homofóbicos e falsos moralistas. Eles se aglutinavam em torno de Bolsonaro.
O Brasil, além de famoso pela corrupção, amarga com a falta de segurança pública. O medo e o desejo de vingança tão facilmente confundido com o de justiça atraíram outros tantos para as fileiras de seguidores de Bolsonaro.
Aí vem o discurso armamentista. O desejo de ser juiz, júri e executor, a possibilidade de resolver sozinho a questão em que o Estado fracassa. Pronto! Outros tantos querem Jair presidente para poder pegar numa pistola.
Depois veio o batismo no Jordão e a fala de que o país precisa de alguém honesto, patriota e temente a Deus. Jair mirou o voto dos evangélicos e conseguiu que muitos o seguissem.
O fascismo surgiu após a primeira guerra mundial. Partidos fascistas chegaram ao poder na Itália e depois na Alemanha e nós sabemos como as coisas terminaram. O fascismo precisa de uma crise para ganhar força, um ambiente onde cada vez mais pessoas rejeitem a política tradicional, estejam descontentes com a democracia como é exercida e desejem um líder forte para pôr as coisas em ordem. Juntamos todos os ingredientes da receita na panela de pressão que é o Brasil.
Hoje muitos deliram de forma histérica e acreditam que o Brasil vive ameaçado por forças que desejam implantar o comunismo no Brasil e destruir a família. Querem de volta a Ditadura para calar os discordantes (não ficariam tristes se o silêncio imposto fosse o da eternidade) e acreditam piamente que o Messias não deve ser questionado.
Os italianos diziam que Mussolini tinha sempre razão.
Os militantes pró-Bolsonaro dizem que o mito mita, lacra, humilha, quebra, trucida, ou seja, nunca erra. Usam de notícias falsas, editam trechos de vídeos onde ele aparece sempre vencendo e repetem tanto suas ideias que deixariam Goebbels orgulhoso. O nazista dizia que uma mentira dita mil vezes pode se tornar uma verdade.
Então, quando os boatos são contra os inimigos, a tropa de militantes não se importa em compartilhá-los. Quando os fatos são apontados contra o mito, é perseguição de comunistas, de vendidos e outros adjetivos menores que não devem ser citados.
Ao verem Jair ter a vida escrutinada, algo normal com quem deseja se tornar presidente, ficam nervosos. Os malfeitos dele começam a vir à tona. Crescimento patrimonial incompatível com sua renda, suposta sonegação, números declarados de verbas indenizatórias inflados e o despreparo sobre temas vitais para o Brasil: a economia é só um entre eles.
O mito tem pés de barro e teto de vidro. A mídia tradicional acordou para o perigo que ele representa. Por ver que a esquerda radical não terá chances de êxito eleitoral, não quer o país entregue a Bolsonaro. Então, enquanto o seu candidato ainda não surgiu, ela começa a fazer o que deveria ter feito lá atrás: jornalismo.
As pessoas têm o direito de saber sobre como seus políticos construíram patrimônio. A Folha de São Paulo deve ter a mesma atenção com Alckmin, Dória, Ciro, Boulos, Maia, Padilha, Marina, com quem quer que seja a disputar o cargo máximo do Executivo e não apenas com aqueles que lhes convém.
Mas provado que Bolsonaro é apenas o velho que se traveste de novo, temos de tentar dialogar com a parte bem intencionada de seus eleitores. A galera que realmente é contra a corrupção e a que quer que o Brasil trilhe o caminho da prosperidade. Temos de ter um discurso que unifique os brasileiros e não que os divida de forma falsa como ocorreu até agora. Não somos de direita ou de esquerda, somos brasileiros. Não precisamos de mitos de direita ou de salvadores da pátria de esquerda.
O ferimento precisa ser tratado antes que a semente do fascismo já plantada entre nós produza frutos.
Já tem gente demais chamando os outros de lixo, achando chato não poder ser misógino, homofóbico e preconceituoso. Gente demais querendo praticar uma falsa justiça com as próprias mãos, gente demais movida por preconceitos religiosos e de gênero.
Ainda temos como reverter isso.
Com as ideias de Brasil disseminadas por Bolsonaro não podemos nos acostumar nunca.
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