sexta-feira, 26 de maio de 2017

EM CIMA DE MEDO, CORAGEM! E DIGA AO POVO QUE AVANCE! O Povo Xukuru realiza sua Assembleia e reafirma sua luta pacífica contra as injustiças.

O Povo Xukuru realiza sua Assembleia e reafirma sua luta pacífica contra as injustiças.




O caminho para a Aldeia Pedra D’ Água não é fácil de ser percorrido. Estrada de terra, estreita, cheia de pedras e umas duas curvas íngremes serra acima. A natureza em volta nos mostra que o esforço vale a pena. E lá em cima, no meio da Mata Sagrada, que os Xukurus se reúnem pela memória do seu cacique Xikão, o Mandaru, e para jamais esquecer de quem são.

Há 17 anos o povo se reúne em Assembleia, rememora suas lutas, debate sobre os desafios atuais e traça pontos de atuação dentro do seu território e fora dele. A Assembleia Xukuru consegue reunir índios e não índios, doutores, juristas, membros de movimentos sociais e autoridades políticas. Estudantes universitários também sobem a serra para aprender com os povos nativos e testemunhar um modelo democrático de decisão.

Esse ano foi inaugurado o Espaço Mandaru, uma grande construção ecologicamente correta que irá abrigar todas as futuras assembleias. O totem do índio mostra que ali ocorre o encontro de guerreiros e guerreiras da paz, nascidos do sacrífico do Cacique Xikão, morto em holocausto a mando de fazendeiros que julgaram de forma equivocada que privando o cacique da vida fariam retroceder os Xukuru.

Xikão foi plantado para que do sangue dele nascessem novos guerreiros.

E isso tem se confirmado ano a ano.

No dia 20 de maio, concluída a Assembleia, os Xukuru realizam seu ato público, saindo da Aldeia São José, quando o cacique Marcos, o Pajuru, abre a porteira e profere sua palavra de ordem: “E diga ao povo que avance!” (Avançaremos, respondem com força os Xukuru) Milhares de índios a pé, a cavalo ou em motos e carros descem a Serra em direção à Pesqueira. Eles passam pelas ruas da cidade até chegarem ao local onde Xikão foi assassinado.

Passado e presente se encontram na construção do futuro dessa povo indígena. Não há lamentações e choro, eles não cabem no momento atual. O que há é a afirmação do povo indígena, reivindicações de direitos e mobilização popular.

Nesse ano a Assembleia condenou as reformas, a falta de diálogo e a politica contrária aos povos da floresta. Reconheceu-se que esse governo se coloca como inimigo dos mais pobres e que é preciso força para lhe resistir.

“Em cima de medo, coragem”, dizia o cacique Xikão.

Ao apontar para o futuro, sem medo e com o olhar altivo de quem sabe que a luta continua, o cacique Marcos fala ao seu povo e a todos que se opõe a injustiça e a perda de direitos:

_ E diga ao povo que avance!
Avançaremos!
Sem ódio e sem medo.
Avançaremos!
Sem nada a temer!

Avançaremos!

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