sexta-feira, 18 de novembro de 2016

LAVA JATO PODE ATINGIR GOVERNADORES E EX-GOVERNADORES.

KENNEDY ALENCAR 
BRASÍLIA - Com a prisão do ex-governador Sérgio Cabral, a Lava Jato passa a uma fase em que coloca mais foco na investigação dos contratos do cartel de empreiteiras com governos estaduais. A operação de hoje, Calicute, é sinal disso.
É importante que a Lava Jato investigue contratos de obras públicas das mesmas grandes empreiteiras que montaram um cartel na Petrobras. O modus operandi aplicado no nível federal na Petrobras também se estendeu aos Estados.
Cabral foi atingido por revelações da Andrade Gutierrez, empresa que ainda terá de fazer complementos às delações premiadas de seus ex-diretores. Depois do que disseram executivos da Odebrecht, ficou claro para os investigadores que delatores da Andrade Gutierrez e da Camargo Corrêa fizeram contenção de dano.
Em outras palavras, protegeram alguns políticos. É fundamental que não haja seletividade no combate à corrupção.
Já fazia algum tempo que se esperava a prisão de Sérgio Cabral, levando em conta o conjunto de informações reveladas pela Operação Lava Jato a respeito de contratos de obras públicas na época em que ele governou o Rio de Janeiro.
Cabral é um dos peemedebistas mais importantes. Comanda o grupo político que governa o Rio desde 2007. São quase dez anos no poder. Ele elegeu seu vice, Luiz Fernando Pezão, como sucessor. Cabral teve estreita ligação com Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e peemedebista que está preso em Curitiba.
GAROTINHO - Funcionários do hospital municipal Souza Aguiar comemoraram saída do ex-governador para a cadeia
O Globo - Juliana Castro
Como aliados, os ex-governadores Anthony Garotinho (PR) e Sérgio Cabral (PMDB) dividiram o mesmo palanque até a eleição de 2006. A partir desta sexta-feira, os arqui-inimigos vão compartilhar o mesmo complexo prisional, o de Gericinó, em Bangu. Após determinação da Justiça, Garotinho foi levado - esperneando e aos berros - para para o presídio José Frederico Marques, no Complexo de Bangu.
Uma ambulância dos Bombeiros, acompanhada de policiais federais, pegou o ex-governador no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, onde estava internado desde ontem após passar mal na superintendência da Polícia Federal. Mais cedo, Cabral foi encaminhado para Bangu 8, onde ficam os presos com ensino superior.
Garotinho saiu reclamando com os policiais responsáveis pela transferência de que corre riscos ao ser colocado junto com bandidos em Bangu.
- Vocês estão de sacanagem. Querem me matar, porra! - gritou o ex-governador, acrescentando que foi o responsável pela prisão de grandes traficantes que estão em Bangu.
Jabuti à vista
Nos bastidores, o principal assunto ontem na Câmara era retomar a anistia ao caixa 2, apesar da deplorável invasão de manifestantes de extrema-direita ao plenário da Casa ter desviado um pouco a atenção da imprensa sobre esse perdão.
A classe política tem pressa. Quer votar essa anistia antes da homologação das delações da Odebrecht e de novas informações das colaborações já dadas pela Andrade Gutierrez e Camargo Correa. Deputados querem aprovar e remeter o projeto para o Senado ainda neste ano.
Há várias frentes de ação. Existe uma pressão sobre o deputado federal Onyx Lorenzoni, que é o relator da comissão especial que analisa aquelas dez medidas de combate à corrupção defendidas pelo Ministério Público.
Lorenzoni se recusa a colocar a anistia no seu relatório, mas tipificará o crime de caixa 2. Uma hipótese seria um deputado apresentar uma emenda ao relatório. Outra seria uma emenda coletiva, de um grupo de partidos.
E há ainda a famosa saída jabuti, que é acrescentar a anistia ao caixa 2 em algum outro projeto que esteja na ordem do dia na Câmara. Mas tem havido dificuldade para achar quem queira colocar o jabuti na árvore, dado o desgaste público de tal gesto.
Uma corrente defende que o texto seja explícito sobre a anistia e diga que práticas passadas de caixa 2 não poderão ser classificadas como corrupção ativa, corrupção passiva ou lavagem de dinheiro ou tráfico de influência.
Obviamente, se passar, é um tema que será levado ao Supremo Tribunal Federal e que poderá configurar algum tipo de desvio de finalidade ou abuso de poder. Afinal, tal anistia seria um casuísmo para salvar corruptos e corruptores, criando uma lei de impunidade seletiva.
Ouça o comentário no “Jornal da CBN”:

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