O resultado das eleições
municipais mostra algo que os apaixonados ainda não conseguem ou não querem
ver: o povo referendou o impeachment de Dilma. O golpe parlamentar que apeou a
presidenta do poder não é mais golpe, do ponto de vista eleitoral.
Na escolha da maioria dos
brasileiros o país tornou-se mais conservador e inclinado à direita. O ciclo do
PT chegou ao fim, não venceu nem no seu berço, o grande ABC paulista. Mesmo
candidatos com bons mandatos, como o ex-prefeito João Paulo, não se mantiveram
de pé ao final da disputa. O PT só conseguiu uma capital. Isso mesmo, uma!
Não se pode culpar apenas
o tratamento dado pela mídia, que criminalizou a sigla e a tornou sinônimo de
corrupção, mas do projeto de poder que o próprio partido implantou e de como
muitos de seus políticos se comportaram, fazendo com que muitos brasileiros
encarem a sigla como sinônimo de corrupção.
O Brasil é uma frágil
democracia, mas é uma democracia. Em todo país o número de abstenções, votos
brancos e nulos foi altíssimo. No Rio de Janeiro chegou a superar a quantidade
de votos do candidato eleito. Isso é um recado do povo para seus políticos, mas
só o recado não bastará para mudar as estruturas desse país.
Se os pobres elegeram os
ricos com seu discurso de cortes e redução da participação do Estado, deve-se
pensar que os mais pobres estão dispostos a abrir mão de direitos desde que
tenham emprego e renda. Deve-se pensar que o brasileiro médio é conservador e
pensa na ótica de Maquiavel, que afirmou desde o começo da renascença que
homens esquecem mais rápido da perda de um parente que de um prejuízo
financeiro.
A esquerda deve sentar e
realizar o exercício da autocrítica. O discurso de culpar apenas a cobertura
parcial da imprensa não o exime do fato de que essa cobertura parcial mostra delitos
reais. O povo quer uma saída rápida para a crise e não percebe que ainda dá
para ir mais fundo no poço em que todos estamos. Os partidos que compõe a base
do governo do presidente Temer influenciarão 81% do eleitorado do país e isso
poderá influenciar e muito o resultado de 2018.
Esses dois anos vão
mostrar a quê a direita está vindo. Os direitos sociais e trabalhistas serão
atingidos, a PEC 241 já foi para o Senado e deve ser aprovada lá, podendo
causar grandes prejuízos ao país a longo prazo, mas mesmo diante de tudo isso,
a força da esquerda foi reduzida. Parece que o povo repete a frase da esfinge: “Decifra-me
ou te devoro”.
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