terça-feira, 27 de setembro de 2016

O debate que Venturosa não terá

Quando entrevistei os candidatos a prefeito de Venturosa, Charlles Adriano (PDT) e Eudes Tenório (PR), fiquei animado com a possibilidade de um debate entre os dois. Numa conversa informal ambos apreciaram a ideia.

O pensamento inicial era de que o debate fosse transmitido pela Rádio Comunitária Venturosa Fm. Como não estou vinculado a nenhum dos grupos, pensei que teria condições de mediar um debate entre os candidatos, no mesmo clima em que as entrevistas foram realizadas. A data pensada foi a de 23 de setembro. No caso da confirmação dos candidatos, haveria uma reunião para estipular as regras do mesmo.

Em minha mente o debate teria quatro blocos. 1) Cada candidato teria 10 minutos para expor suas ideias livremente. 2) Perguntas sobre educação, saúde, saneamento, segurança pública, juventude e projetos para zona rural seriam feitas aos candidatos por sorteio. 3) Candidatos perguntariam um ao outro. 4) Cada candidato faria suas considerações finais.

A ideia não vingou. Duas coisas me fizeram não levar isso à frente: a falta de estrutura e o clima acirrado das militâncias partidárias. Li num artigo escrito por um psicólogo que quem ganha debate é quem tem sua preferência. Para ele o eleitor já decidiu que o candidato para quem ele torce sairá vencedor do debate porque poucos conseguem julgar além de sua predileção.

Quando vi meu nome ser citado num perfil político como possível mediador senti estranheza porque já havia desistido da ideia. Os últimos acontecimentos só me deram a certeza de que fiz a coisa certa.

Debate não devia ser desafio entre os candidatos, deveria ser um momento de exposição de ideias e planos de governo. No calor do momento chegaram a propor um debate em praça pública! Impossível! Principalmente se tratando de Venturosa, onde política supera futebol na paixão popular.

A Rádio Comunitária emitiu uma nota em sua rede social dizendo não estar preparada para um evento desse porte. Concordo, em parte. Mas diante do clima gerado no desafio mútuo, a direção da emissora acertou ao emitir a nota.

Não se faz debate em praça pública. Não se faz debate sem comunicar à Justiça Eleitoral. Não se foge de debate que não foi agendado. Então, nessa briga em carros de som não há vencedores nem derrotados.

Quem venceria o debate? Ora, para os eleitores de Charlles, ele seria o vitorioso. Para os eleitores de Eudes, com certeza, ele ganharia. Caso um dos candidatos se saísse mal em uma resposta, “a pergunta foi tendenciosa”, “armaram para pegá-lo”, “eu não disse que seria assim?”.


Um debate é ótimo para o exercício da democracia, mas ainda não vai ser dessa vez que veremos um. Ainda há passos que devem ser dados por políticos, militantes e cidadãos.

Como já disse em outros posts, independente de quem vença, desejo um bom governo para Venturosa. Um que permita a superação desse modelo político, das campanhas acusatórias, da troca de desafios e no acirramento dos ânimos. Mas isso não depende dos eleitos, meus amigos. Isso depende principalmente dos eleitores.

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