O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, não foi eleito por mérito e sim por comoção popular gerada pela morte trágica de seu padrinho político, Eduardo Campos. Paulo perdia para Armando Monteiro nos cenários apontados pelas institutos de pesquisa de opinião. Após o acidente que vitimou Eduardo, Câmara foi sagrado governador com uma vitória esmagadora. O pernambucano homenageou o neto falecido de Miguel Arraes elegendo seu candidato.
Paulo Câmara não era político, foi escolhido por Eduardo num cenário que contava com postulantes de peso como o então vice-governador João Lyra, o hoje senador e investigado pela Lava Jato Fernando Bezerra Coelho e Maurício Hands. Muita gente do meio, experiente, foi rifada do processo. Acredito que caso não vencesse a eleição presidencial, Eduardo seria o mentor político de Paulo. Nem uma coisa nem outra.
Paulo Câmara pegou o estado no meio da maior crise política já enfrentada pelo país. Um crise gerada pelo golpe de estado parlamentar, uma crise gerada com a ajuda indireta do PSB, que apoiou o golpe no início. Nesse cenário de crise, retração e parcos recursos, o governador foi desafiado a fazer mais com menos. Sem o apoio do governo federal,elemento primordial do sucesso do governo Eduardo Campos, que tinha tudo para ser herdeiro político de Lula nos tempos pré-Lava Jato, Paulo cortou gastos, enxugou o que pôde da máquina pública e manteve a máquina funcionando mesmo que de forma mais lenta.
O Pacto pela vida ruiu. Era mais propaganda que realidade e a conta chegou para a sociedade. Assaltos, explosões de caixas de banco, greves de funcionários, muitos desafios enfrentados pelo governo de Paulo e que lhe renderam uma grande rejeição entre o povo pernambucano.
Então por que o governador ainda pode levar 2018? Pela base sólida de prefeitos que mantém o apoio ao governo do PSB. Paulo manteve o FEM e socorreu muitas prefeituras, manteve os salários pagos em dia, tem realizado obras pontuais em várias regiões do estado e prepara uma reação na política de segurança pública com a contratação de mais policiais e a entrega de mais viaturas. No campo da educação houve progressos e o governo pretende investir em escolas integrais também para o Ensino Fundamental.
Some-se a isso que o governador não terá adversários fortes e com apelo popular para enfrentá-lo. O senador Armando Monteiro Neto não se opôs à Temer, assim como Paulo, mas assumiu o risco de apoiar as reformas defendidas pelo governo. Armando votou a favor da Reforma Trabalhista e deixou seu lado de industrial legislar em causa própria. O PT está mais do que queimado e Marília Arraes só decola se o mito Lula sobreviver à caçada judicial de que é alvo. Mendonça está associado até o pescoço a um governo golpista e rejeitado pela ampla maioria da população. Então, todos começam chamuscados, mas apenas um tem ampla maioria de prefeitos e deputados em sua base e pode visitar todas as regiões de Pernambuco com o peso da caneta na mão.
Sem adversários fortes, mesmo sendo rejeitado por boa parte dos pernambucanos, Paulo pode levar 2018. Dessa vez pelo mérito de já ser conhecido e, talvez, o menos pior dos postulantes com chances de vitória.
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