sábado, 15 de julho de 2017

SÓ EM UM MUNDO DOENTE UMA MÃE É CAPAZ DE MATAR O PRÓPRIO FILHO POR SER GAY

imagem da rede social mostra o jovem e sua mãe
 Os principais jornais e portais de internet informam que o corpo encontrado carbonizado em um canavial de Cravinhos (SP) é de Itaberli Lozano, de 17 anos, morto em dezembro de 2016. O jovem foi esfaqueado pela própria mãe, que não aceitava a homossexualidade do garoto, e carbonizado com a ajuda do padrasto.

Que tipo de sociedade cria um clima de intolerância tão extrema quanto esse, que leva uma mãe a tirar a vida do próprio filho? A homofobia está presente no cotidiano do brasileiro, embora muitos queiram ignorar o problema ou transferir a culpa para a vítima.

Muitas vezes ouvi de pessoas amigas que preferiam ter um filho morto a um filho gay. É um lugar comum em muitas conversas. Não somos educados para conviver com a diversidade, desde a infância alimentaram a visão pejorativa e preconceituosa sobre os homossexuais e isso repercute hoje em inúmeros casos de violência. Há pouco tempo Dandara foi morta enquanto pessoas filmavam sua execução com celulares.

Entender que cada um tem o direito de viver como quer não irá destruir o modelo tradicional de família. Irá mostrar que atingimos maturidade enquanto sociedade. Vivemos em um país de maioria cristã, mas não somos muito fraternais com aqueles que não se enquadram no modelo. Parece que nosso amor ao próximo ainda é muito seletivo.

A frase “tenho amigos gays” é muito usada como escudo para se esconder o próprio preconceito e intolerância. “Tenho amigos gays, mas não quero ser visto com eles”, “Tenho amigos gays, mas acho eles nojentos”, tanta coisa que se esconde por trás da máscara do brasileiro cordial.
Aceitar a sexualidade alheia não vai mudar a sua. 

A homofobia não é uma chaga apenas no Brasil. Em 73 países ao redor do mundo, a relação homossexual é crime. 13 países preveem a pena de morte para atos sexuais consentidos entre pessoas adultas do mesmo sexo. Em quatro deles – Sudão, Arábia Saudita, Irã e Iêmen –, a pena é efetivamente aplicada pela Justiça no país todo. Em dois – Nigéria e Somália –, é aplicada em algumas províncias.

Em cinco desses países – Mauritânia, Afeganistão, Paquistão, Qatar e Emirados Árabes Unidos – não há registro de aplicação específica recente e em dois deles (no Iraque e nos territórios controlados pelo Estado Islâmico nesse país e na Síria), os responsáveis por matar sistematicamente e com brutalidade os gays são milícias e grupos não estatais.

No Brasil a pena de morte é aplicada por pessoas movidas por ódio e intolerância. Uma triste ferida que demorará muito para cicatrizar. Em pleno século XXI crimes de violência são comuns não só contra homossexuais, as mulheres no Brasil também sofrem assédio, violência doméstica e vários tipos de abuso.

Ou passamos a encarar esses problemas com seriedade ou o caso do jovem Itaberli Lozano será apenas mais um, e com o tempo, assim como tantos casos de estupro e violência doméstica, vai virar estatística.

E tem gente que diz que nosso país não sofre com machismo e homofobia. Deve ser.

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