Texto em ocasião do dia internacional da mulher.
Vivemos em um mundo de informação instantânea, quase que totalmente informacional. As redes sociais democratizaram a emissão de opinião, mas isso não se reflete como combate aos preconceitos. Bauman identificou que na modernidade vivemos tempos líquidos, tudo é relativo e superficial. Nossos amores são frágeis e efêmeros em sua duração. O povo se conecta, mas se não se toca! Nossos valores não conseguem se aprofundar, não parecem criar raízes e por isso produzem poucos frutos.
Então, nesses tempos de modernidade informacional, mundo líquido e valores rasos, é mais que urgente debater sobre o modo como ainda tratamos as mulheres.
Então, nesses tempos de modernidade informacional, mundo líquido e valores rasos, é mais que urgente debater sobre o modo como ainda tratamos as mulheres.
Moramos em um país que agride uma mulher a cada cinco minutos. Em nosso estado estupros ocorrem a luz do dia, em locais públicos e de grande circulação de pessoas. Um país tão contaminado pelo machismo e pela misoginia que em pesquisa recente 30% da população acredita que a vítima de estupro pode ter culpa no crime dependendo da roupa que estava usando quando foi violentada.
Já parou para pensar nesse absurdo? É como que a mulher, antes de se vestir, tivesse de pensar: “Essa saia está um pouco acima do joelho, será que alguém vai querer me estuprar de ver minhas coxas? Melhor por uma burca! ” Fico pensando que muito do nosso machismo é resultado de nossa cultura. Nós ainda mantemos brincadeiras de menino e brincadeiras de menina, usamos a imagem da mulher para ofender e criticar os homens. “Ah, você corre como uma mulherzinha” e, não esqueçamos da clássica ‘homem não chora”.
Nas propagandas que assistimos a mulher aparece quase como um brinde a ser adquirido com o produto. Vai comprar um carro? Tem uma mulher bonita pronta a ser seduzida. Tomar uma cerveja? É a bebida do verão. Usar um creme dental, um perfume, basta comprar e vai chover mulher. Impõe-se as mulheres uma ditadura do padrão de beleza. Elas têm de ter aquele tipo de corpo, aquele cabelo, usar aquela roupa, falar daquele jeito senão, ah, senão serão um bando de "feminazis" que ficam reclamando de tudo.
Na História poucas vezes citamos as realizações das mulheres. Seus nomes pouco aparecem entre as celebridades da História, Matemática, Física, Filosofia, Política ou dos Esportes. Não porque as mulheres não contribuíram nesses campos, mas porque o silêncio cúmplice quer esconder sua capacidade e limitar bastante o protagonismo das demais.
Já se perguntaram porque há poucas Michele Obama no mundo?
Ainda repetimos frases feitas como “por trás de um grande homem tem sempre uma grande mulher” quando já deveríamos ter pensado que “ao lado de grandes homens há grandes mulheres” para hoje dizer “grandes mentes influenciam umas as outras e crescem junto, por isso que ao lado de uma pessoa carismática, sempre há outra de valor semelhante”. Temos uma dívida histórica com as mulheres. As que estiveram à frente do seu tempo foram perseguidas, acusadas de bruxaria, queimadas em fogueiras, presas, difamadas e combatidas simplesmente por questionarem a ordem das coisas e se recusarem a desempenhar um papel obediente e submisso.
Ainda repetimos frases feitas como “por trás de um grande homem tem sempre uma grande mulher” quando já deveríamos ter pensado que “ao lado de grandes homens há grandes mulheres” para hoje dizer “grandes mentes influenciam umas as outras e crescem junto, por isso que ao lado de uma pessoa carismática, sempre há outra de valor semelhante”. Temos uma dívida histórica com as mulheres. As que estiveram à frente do seu tempo foram perseguidas, acusadas de bruxaria, queimadas em fogueiras, presas, difamadas e combatidas simplesmente por questionarem a ordem das coisas e se recusarem a desempenhar um papel obediente e submisso.
O que me incomoda no outro é meu. Sempre que há um ataque homo fóbico um homossexual agride outro. Na maioria das vezes o que agride é o que se recusa a aceitar a própria homossexualidade. O pensamento machista ou misógino se sustenta no medo de reconhecer que a mulher não é inferior ao homem, possui igual capacidade e valor e não mais aceita estar sujeita a papéis pré-determinados. Eva, Cleópatra, Helena, Maria, Elizabeth, Rosa Parcs, Michelle, Margareth, por que não reconhecer sua importância?
Por que negar às mulheres o acesso às cátedras, as cortes, aos mais altos cargos ou ao protagonismo científico? Medo de que o sucesso delas revele a insegurança dos homens? Por que tentar reduzir tudo a argumentos sexistas ou pejorativos? Quem precisa gritar que é rei não manda em nada há muito tempo.
Precisamos falar sobre o machismo sem medo ou vergonha de reconhecer que estamos errados. Ou fazemos isso ou vamos prestar mais homenagens vazias no dia 08 de março por desencargo de consciência. Falar de forma mecânica sobre igualdade de gêneros sem mover um dedo para que isso seja uma realidade. Chega de varrer nossos defeitos para debaixo do tapete da sociedade e da História.
Não podemos descansar enquanto mulheres são agredidas, violentadas e mortas em nosso país. Não podemos cruzar os braços enquanto muitos ainda encaram suas parceiras como propriedade. Não podemos ficar parados enquanto as oportunidades não forem iguais e cada um de nós puder sonhar em ser o que deseja, da forma que deseja e tiver condições de lutar pela busca de sua felicidade.
Esse papo de mimimi só serve para quem quer manter tudo como está, sem perder o privilégio que herdou sem merecer. No fim, todo machista luta para esconder seu medo e sua insegurança. #08demarço.#igualdadeeliberdade.#precisamosfalarsobreisso.
Emerson Luiz Galindo Almeida
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