Hoje inicia-se para os católicos o período da quaresma. Tempo de conversão e arrependimento, de refletir sobre o caminho trilhado, repensar os rumos e buscar a Deus que, em sua misericórdia, se deixa encontrar.
Num dos cânticos do tempo quaresmal, somos convidados a não esquecer que viemos do pó. Viemos do nada, chamados à existir por um amor maior, e não somos donos de nada, nem de nossa existência. Qual de nós pode acrescentar um minuto que seja a sua própria vida?
Nossa existência é breve. Então não faz sentido nos orgulharmos de nada. O mais rico de nós morrerá em menos de cem dos nossos anos e terá o mesmo destino do mais pobre e anônimo dentre os filhos de Deus. A morte não faz acepção de pessoas.
O que dá sentido a vida não é sua duração, mas sua intensidade. Ninguém no leito de morte pede mais tempo para humilhar alguém ou para se vingar de um desafeto. Geralmente o último desejo das pessoas é por perdão, por uma oportunidade para se desculpar, para externar o amor que sentia e não soube expressar. Nos instantes finais muitos de nós lembram do que nunca deveriam ter esquecido: viemos do pó, nada somos.
Somos imperfeitos e perfectíveis. Queremos ser bons, melhores que somos, mas devemos sempre ter em mente que deveremos ser melhores para os outros, nos colocar a serviço. A quaresma nos lembra da necessidade da misericórdia, do reconhecimento de nossa humana condição e de que Jesus, ao se encarnar, nos deu condição de nos unirmos ao divino amor.
Quando a morte vier pôr fim aos nossos dias nesse mundo, se dará o juízo, o nosso encontro pessoal com o Deus da vida. Ali não haverá espaços para máscaras, veremos como somos vistos, face a face. E antes disso, é nosso dever jamais esquecer que viemos do pó e para ele retornaremos sem nada levar a não ser o reflexo de nossas obras.
Emerson Luiz
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários registrados não traduzem a opinião do blog e são de responsabilidade de seus respectivos autores