sábado, 12 de dezembro de 2015

ALUNO DE ALAGOINHA, EDISSON OLIVEIRA, É FINALISTA NA OLIMPÍADA DE MATEMÁTICA


DA PÁGINA DO INSTITUTO AYRTON SENNA
Edisson Oliveira não conseguia realizar as quatro operações em 2014. Um ano depois, passou para a fase final da Olímpiada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas e virou o orgulho da pequena cidade de Pernambuco
Aos 12 anos, Edisson Oliveira, estudante da rede pública de Alagoinha, agreste de Pernambuco, não sabia ler, produzir textos e tinha extrema dificuldade em fazer as quatro operações, principalmente, subtração. Aos 13, passou para a fase final da Olimpíada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas 2015 . Uma mudança radical na vida do pré-adolescente, que hoje esteve no grupo dos finalistas acompanhando a divulgação do resultado da competição e sabe que, independentemente de não ter conseguido medalhas, essa participação representa uma nova visão sobre seu próprio potencial. Nesta sexta-feira (27), 6.500 alunos ganharam medalhas (1º, 2º e 3º lugar) e mais de 46 mil receberão menção honrosa.
A OBMEP 2015 é uma prova de números gigantes. Foram inscritos 17.972.333 alunos de 47.580 escolas, localizadas em 5.538 municípios brasileiros. Na segunda fase, quase 889 mil foram classificados, quase 62 vezes a população de Alagoinha, cidade onde Edisson mora com os pais e um casal de irmãos. “Eu não gostava de matemática, não! Era ruim”, contou o menino durante um encontro com a equipe do Instituto Ayrton Senna em setembro, meses antes de saber o resultado final da Olimpíada.
Em 2014, o jovem esteve em uma das escolas públicas parceiras do Instituto em Pernambuco com a solução educacional de correção de fluxo para anos iniciais do Ensino Fundamental – promovida para superar situações de distorção idade-série, ou seja, quando um aluno tem dois ou mais anos acima do esperado para a série que cursa -, onde aprendeu a ler, escrever, fazer contas e desenvolveu habilidades como autoconhecimento e motivação. “Antes era ruim, porque os meus colegas liam e eu ficava lá (sem saber nada). […] Eu não sabia fazer a conta de menos, porque, na subtração, um número tem que subir, aí depois você tem que baixar. Eu só colocava o número subindo, achando que era conta de mais. E quando a professora ia corrigir, estava tudo errado”, afirmou, tentando explicar com detalhes sua maior dificuldade.
Quem notou as fragilidades de Edisson, que já enfrentava seu segundo ano de reprovação, foi a coordenadora pedagógica Maria do Socorro Galindo, que correu atrás de uma solução para ajudar o aluno. “Ele estava no 5º ano e tinha muita dificuldade na leitura, escrita e na matemática. Eu lembrei que tinha o programa do Instituto, falei com a coordenadora dos projetos (do Instituto Ayrton Senna) aqui no município e perguntei se ele não poderia, mesmo estando no 5º ano, que já é um nível mais adiantado, fazer parte do Se Liga, porque ele tinha uma dificuldade muito grande. E a resposta foi positiva”.
Edisson faz questão de dizer que deve sua evolução nos estudos à professora Ana Tanayne Batista Ferreira, a quem se refere como uma figura calma, atenciosa e sempre preparada para ajudar seus alunos. “Edisson era um menino muito tímido. Eu percebi que ele tinha uma dificuldade muito grande para socializar. Mas com muita conversa, com muito incentivo, ele foi se aproximando. Depois disso, ele teve um estalo. Ele me disse: eu preciso me ver, me ajudar para poder ajudar as pessoas. Foi daí que ele foi se desenvolvendo, se destacando mais”, relembrou a professora Tanayne. “Quando ele começou a focar nos estudos e perceber que ele era capaz de aprender, ele foi melhorando a ponto de ajudar os colegas”, contou, orgulhosa.
No final de 2014, Edisson e sua mãe emocionaram a equipe da parceria com o Instituto durante a formatura de sua turma, que permitiu que ele entrasse, em 2015, em uma sala de ensino regular onde atualmente cursa o 6º ano do Ensino Fundamental. Lá, foi convidado pela escola a participar da Olímpiada e topou o desafio. “Eu não sentia muitas dúvidas em matemática mais. E os meninos da minha sala sempre diziam: “é melhor você ir!”, “vai, vai!”. Aí, eu disse que ia”, relembrou. O jovem menino não se arrependeu da decisão. Passou para a segunda fase. “Eu senti uma alegria. Meus amigos ficaram felizes. Falaram que queriam ter passado também para fazer a prova comigo”, contou Edisson, sorridente.
Para se preparar para a segunda etapa, ele sentiu que era hora de chamar ajuda para estudar e ligou para sua antiga professora do Se Liga. “Ele ligou para pedir para que eu o ajudasse a estudar para a prova que ele fez, para a segunda fase. Eu fiquei sem entender. Aí, ele disse: ‘não, professora, é que eu fiz a primeira fase (da Olímpiada Brasileira de Matemática) e passei. Só que a segunda é um pouco mais difícil e eu não consigo estudar sozinho’. Ele perguntou se eu podia ajudar. […] Foi uma emoção muito grande”, disse, muito emocionada.
“A professora mesmo foi quem me ensinou tudo. Eu fui para casa dela e ela ficou me ensinando”, contou Edisson.
O apoio da família foi essencial no desenvolvimento de Edisson e sua evolução na vida escolar representa um avanço dentro de sua própria casa. A mãe Elizângela da Silva Martins Oliveira, de 26 anos, estudou até a 6ª série e é agricultora. O pai, José Ferreira Oliveira, 47 anos, é agricultor e analfabeto. Quando pensa no futuro, Edisson projeta para si uma vida diferente e recebe todo o apoio dentro de casa. “Minha mãe espera que eu trabalhe, tenha a minha casa. Ela sempre me fala: ‘Juninho, quando você crescer, não fique nessa vida, arrume um trabalho”.
Quando questionado se já tinha pensado sobre o que fazer no futuro, disse que não. “Quando eu crescer, eu quero trabalhar com matemática. Eu acho fácil”, disse. O jovem de 13 anos ainda pensou mais alguns segundos e disparou: “queria ser administrador de empresas”.

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