A polarização política que dividiu a sociedade brasileira tem produzido frutos aberrantes. Logo que a notícia de que Dona Marisa Letícia, ex-primeira dama e esposa do ex-presidente Lula foi internada por conta de um AVC e sofreria intervenção cirúrgica a internet foi tomada por comentários odiosos que torciam pela morte dela.
Em que mundo pessoas que se dizem de bem torcem pela morte de outra? Em que planeta cristãos podem se dizer cristãos e pedir a morte de alguém que está doente?
Não bastasse o discurso de ódio na internet, um grupo de mulheres protestou em frente ao hospital onde Marisa está internada. A ex-primeira dama encontra-se em coma induzido. Lula está bastante fragilizado. Não bastasse a perseguição midiática e o desejo de um juiz parcial em prendê-lo baseado nas convicções de um delegado da polícia federal, sua companheira está numa situação crítica, pois embora sua saúde esteja estável, o dano neurológico ainda não pôde ser avaliado.
A parcialidade dos justiceiros, homens de bem e combatentes da corrupção demonstram o grau de paranoia de parte da população brasileira. Enquanto isso Temer é assessorado por um cidadão que foi condenado a 5 anos de prisão para escolher o ministro que substituirá Teori na relatoria da Lava Jato. O presidente que interviu em favor de Gedel Vieira quando este queria vantagens pessoais na Bahia. O mesmo Temer que foi citado 43 vezes na Lava Jato.
Não trata de se escolher um malvado favorito, de atacar um corrupto para defender outro. É preciso recobrar a sanidade. Uma coisa é ser investigado, outra condenado. Ser contra a corrupção é ser contra todo tipo de ato ilícito, e não apenas de um grupo ou pessoa.
Vamos exigir que nossos políticos se tratem no SUS enquanto ocupam cargos sim, mas vamos lutar para que o SUS melhore (o que fica difícil depois da aprovação da PEC dos gastos, que não sofreu críticas dos movimentos da direita radical).
Somente uma eleição direta ajudará a superar o trauma causado pelo impeachment, mas isso por si só não irá tratar dos escleroses do brasileiro médio.
Precisamos nos educar enquanto nação, nos moldar para viver em uma sociedade democrática. Ou isso ou decretamos falência. Já é tarde para nos desculpar por Cabral e devolver a terra aos índios.
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