quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Os cristãos 2.0, as chacinas nos presídios e a segurança pública no Brasil.

Ainda me acho cristão.
Creio que Jesus é o Filho de Deus, encarnado para redimir nossa carne do pecado e por meio do seu sacrifício retirar nossas faltas para que por Ele pudéssemos ser filhos de Deus.
Mas fica difícil me acreditar cristão vendo o que os cristãos 2.0, os da nova onda, formados por gente de bem, ultradireitistas e admiradores de Jair Bolsonaro propagam nas redes.
"Bandido bom é bandido morto", "o povo está cansado da violência, tem de ter pena de morte", "a culpa é dela, quem mandou sair vestida assim", "também ele que procurou, vestido desse jeito, saindo essa hora na rua, se tivesse estudando não tinha tomado tiro" e tantos outros impropérios para justificar o injustificável.
Jesus nunca gostou de dinheiro, andou com pecadores, prostitutas, beberrões, sempre achei Jesus um cara da esquerda.
"É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no Reino dos Céus'.
"Não juntei para vós tesouros nesse mundo, onde há traça e o ladrão pode vos roubar, juntei para vós tesouros no Céu".
Não vi Jesus defendendo pena de morte, tortura e maus tratos.
Talvez o Jesus que eu, pecador, tenha conhecido seja diferente desse apresentado hoje em dia.
Já imaginou se quando o pessoal trouxesse a mulher adúltera e perguntassem a Jesus, querendo pegá-lo numa contradição:
_ Essa mulher foi pega em adultério. A Lei de Moisés disse que deve ser apedrejada. O que o senhor diz?
_ "Direitos Humanos para humanos direitos".
Imagina aí.
Sério, cara. Imagina Jesus defendendo o que muita gente de bem defende aqui no facebook.
O Evangelho teria mais sangue que as inquisições católicas e protestantes juntas, mais degolamentos que aqueles praticados pelos fanáticos do Estado Islâmico, mais mortes que aquelas que acontecem nas periferias do Brasil.
Vamos rever nossos conceitos e preconceitos, pessoal.
"Da forma com que medires sereis medidos"
"Perdoais as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tem ofendido"
Foi o Cara que disse, não eu, um cristão pecador.
A violência que toma conta de nossas ruas é resultado de erros históricos, da omissão das autoridades e de uma sociedade que foi montada para manter privilégios de uma pequena parte rica a custa de condições dignas para milhões de seus cidadãos.
Nossos governos escolheram construir presídios e não escolas, dar planos de saúde caríssimos para seus políticos e sucatear a sistema único de saúde, criar uma polícia violenta a dar condições dignas, reprimir protestos ao invés de governar com ética e transparência.
Enquanto o governo não investir em saúde, educação e geração de oportunidades iguais, veremos a violência aumentar. Enquanto não houver bloqueador de celulares em todos os presídios, penas alternativas para delitos leves e celeridade na justiça, todo presídio será um barril de pólvora e dificilmente quem entrar lá sairá recuperado.
Mas enquanto milhões acharem correto que os presos se matem vai ficar difícil mudar a situação.
Nem mesmo apelando para Jesus.

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