domingo, 2 de julho de 2017

QUANDO BATE A SAUDADE. UMA CRÔNICA À SAUDOSA MEMÓRIA DO AMIGO ROMÃO


Vi a foto postada por um amigo que muito admiro, Arraes. Arraes é um desses sujeitos de quem a gente logo gosta, direto no sim e no não, prestativo e trabalhador. Quando se chega em Venturosa, um dos melhores lugares para saciar a fome e conversar com os amigos é o seu restaurante. Qualquer dia desses escrevo sobre o restaurante do Arraes, porque hoje é a saudade de outro amigo que motiva minha escrita, o saudoso Romão.

Romão era amigo do meu pai, e foi por meio dessa grande amizade que o conheci. Meu pai, Eraldo pintor, é um homem de conversa fácil, cheio de brincadeiras com aqueles de quem gosta. Ainda pequeno, quando o acompanhava entre um serviço e outro, passávamos no bar do amigo Romão para tomar um chá ou um café.

Seu Romão sempre tinha um jeito especial de tratar a gente, uma forma respeitosa e carinhosa. Fui crescendo e a admiração por ele também. Diz a Bíblia que pelo fruto se conhece a árvore. Vejo meus amigos Airon, Bifi e Paula e não posso deixar de pensar em quanto orgulho seu Romão tinha por todos os seus filhos e, posteriormente, pelos seus netos.

Desse lugar que você vê, a foto é perfeita ao captar o saudosismo, muitos sonhos começaram. Muitos compraram passagens para longe, para voar em busca do desejo do seu coração. Uns obtiveram sucesso, outros não. Uns voltaram felizes, outros não, mas assim é a vida de quem viaja, marcada por lágrimas e sorrisos, vitórias e derrotas, mas como disse o poeta: "viver é preciso, navegar é preciso".

Seu Romão gostava da política, da boa política. Já rapaz, quando me encontrava lá com meu pai e outros amigos, entendi o apelido carinhoso que davam ao lugar: Senadinho. Mas não pensem que era esse Senado podre que hoje nos envergonha de Brasília, não! O Senadinho de Seu Romão era onde os sonhadores iam para falar da possibilidade de uma Venturosa melhor. Não nego que aquelas conversas tiveram uma grande influência sobre mim.

As conversas e a honestidade do nosso presidente de Senado, se ali realmente fosse uma casa legislativa, seu Romão seria o nosso Tancredo.


Seu Romão
Uma vez apareceu um cara maltrapilho, me pedindo dinheiro para ir ver a família em uma cidade para o lado do sertão. Dizia que estava morrendo de fome, me contou uma história triste e eu, jovem e tolo, acreditei de primeira. Fui até seu Romão, perguntei se tinha ônibus para lá. Paguei o lanche do rapaz e deixei com ele o dinheiro da passagem do sofrido andarilho.

No dia seguinte, passando para ir dar minhas aulas, seu Romão me chama. Devolveu-me o dinheiro da passagem porque o rapaz, a pessoa, queria dinheiro e não ir ver família alguma. Ele me ensinou muitas coisas naquele dia. O valor da honestidade, a confiança entre os amigos e que nem sempre quem pede ajuda quer ser ajudado.

Vendo a foto lembro de muitas coisas boas vividas ali, do quanto os grandes homens são humildes e de que o exemplo que nos deixam moldam quem nós somos e podemos ser. Tenho saudades de Seu Romão e dos sonhos que nasceram ali, regados a chá e café, na melhor casa legislativa que já frequentei em Venturosa.

Emerson Luiz Galindo Almeida.

Um comentário:

  1. Ótima crônica meu amigo! Agora bateu a vontade de voltar os anos... Mas acredito que aquele "Senadinho" irá produzir muitos e belos frutos.

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